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Fifa recebeu 145 denúncias de violações de direitos humanos no Mundial de Clubes

Torcedores relataram desconforto com ações de autoridades de imigração dos EUA durante os jogos.
Foto: Reproducao / ImagoDonald Trump e Gianni Infantino posam com ingresso simbolico do Mundial.
Donald Trump e Gianni Infantino posam com ingresso simbolico do Mundial.

A Fifa revelou ter recebido 145 denúncias de violações de direitos humanos durante o recente Mundial de Clubes realizado nos Estados Unidos. Torcedores encaminharam suas preocupações por meio do portal oficial de reclamações da entidade, além de e-mails e até mesmo de forma presencial nos estádios.

Entre as principais queixas apresentadas, destacaram-se as relacionadas às políticas governamentais dos EUA e como essas políticas eram implementadas. Muitos torcedores expressaram desconforto com a presença de agentes do Departamento de Alfândega e Proteção de Fronteiras (CBP) e do ICE, responsáveis pela fiscalização de imigração.

Outro problema significativo apontado foi o calor extremo, que impactou tanto os torcedores quanto os jogadores em diversas sedes do torneio. As altas temperaturas afetaram o conforto e a segurança, levando a diversas reclamações.

Impactos das Políticas Migratórias e do Clima

Apesar das declarações otimistas de Gianni Infantino, presidente da Fifa, que descreveu o evento como alegre e sem incidentes, documentos revelados pelo "The Athletic" indicam que diversas investigações foram abertas para tratar das denúncias. Das 145 queixas, 37 estavam diretamente relacionadas a questões políticas federais dos EUA.

Além disso, os torcedores expressaram incômodo com a suposta presença de agentes federais nos estádios, embora o Departamento de Segurança Interna (DHS) tenha negado qualquer ação efetiva de fiscalização durante o evento. "Nem o ICE nem o CBP realizaram operações durante o torneio", afirmou um porta-voz ao "The Athletic".

O calor foi um ponto de tensão, especialmente em cidades como Cincinnati, onde as temperaturas elevadas foram um desafio. Isso levou a queixas sobre a escassez de água e preços elevados, motivando a Fifa a abrir 25 investigações sobre possíveis riscos à saúde.

Reclamações relacionadas a acessibilidade e discriminação também foram frequentes, com mais de 20 denúncias apresentadas. Ativistas apontaram a diminuição da visibilidade de campanhas contra o racismo e em prol da inclusão nos estádios, o que estaria supostamente alinhado com as políticas da administração Trump que reduziam iniciativas de diversidade.

Preparativos para a Copa de 2026

Esses feedbacks chegam em um momento crucial, com os Estados Unidos, ao lado de México e Canadá, preparando-se para sediar a Copa do Mundo de 2026. As preocupações com segurança são notáveis, e várias cidades-sede já anunciaram planos detalhados de segurança.

Em cidades como Kansas City e Dallas, os departamentos de polícia declararam que os oficiais estarão em prontidão máxima, com férias suspensas durante o evento que acontecerá entre 28 de maio e 26 de julho de 2026. Em Santa Clara, todas as forças de segurança estarão mobilizadas para garantir um ambiente seguro.

Com a coincidência do evento com o 250º aniversário da Declaração de Independência dos EUA, as autoridades planejam uma operação de segurança sem precedentes. Escoltas policiais serão disponibilizadas para equipes, árbitros e autoridades da Fifa, segundo os contratos das cidades-sede obtidos pelo "The Athletic".

A Fifa considera as denúncias um indicador do funcionamento de seu sistema de devida diligência em direitos humanos e promete abordar os problemas levantados. O desafio será assegurar que o Mundial de 2026 ocorra de maneira segura e inclusiva, sem repetir os problemas do torneio anterior.