Futebol em Foco

Gastos de Duilio pagos pelo Corinthians colocam gestão sob suspeita

Ex-presidente recebeu R$ 80 mil em espécie e reembolso adicional durante dois meses de 2023.
Foto: Rodrigo Coca/Agencia CorinthiansDuilio Monteiro Alves gastou mais de R$ 80.000 em um mes de 2023
Duilio Monteiro Alves gastou mais de R$ 80.000 em um mes de 2023

O Corinthians gerou polêmica ao cobrir despesas pessoais do ex-presidente Duilio Monteiro Alves, que liderou o clube entre 2021 e 2023. Relatórios oficiais revelam gastos de R$ 86.524,62 entre 26 de setembro e 31 de outubro de 2023.

Parte desse montante, R$ 80.000 em espécie, foi repassada à presidência em três parcelas. Duilio também teria direito a um reembolso de R$ 6.524,62 por despesas extras no período.

Gastos Questionáveis e de Lazer

O valor considerável de mais de R$ 57.000 foi destinado a estabelecimentos de alimentação e mercados, sendo o "Oliveira Minimercado", a 35 km da sede do clube, o local mais frequente, com R$ 32.580 em sete notas fiscais.

Por outro lado, investigações revelam que esse local pode não existir, já que moradores negam a presença de comércios na área nos últimos anos. Além disso, nove dias antes das primeiras notas, o estabelecimento era uma empresa de Alvenaria chamada Oliveira Obras.

Outras despesas recorrentes incluem compras no Oba Hortifruti, com destaque para cerveja, sorvete e picanha nas notas fiscais. Além disso, despesas em salões de beleza, barbearias e farmácias, como a compra de medicamentos para disfunção erétil, também estão registradas.

Apesar das ressalvas do Conselho Fiscal e do Conselho de Orientação (Cori), as contas do ano foram aprovadas pelo Conselho Deliberativo.

Remuneração de Duilio

Essa revelação levanta um questionamento sobre a remuneração dos presidentes de clubes no Brasil. No caso do Corinthians, o estatuto não prevê salários para dirigentes desse cargo, uma realidade que se estende a outras equipes como Palmeiras, Flamengo e Fluminense.

Embora a Lei 13.155/2015 abra possibilidade para a remuneração de dirigentes, desde que cumpram critérios específicos, como dedicação exclusiva e valores compatíveis com o mercado, alguns clubes tradicionais adotam o modelo de remuneração. O São Paulo, por exemplo, paga cerca de R$ 26.000 ao presidente Júlio Casares.

Enquanto os clubes associativos mantêm a tradição voluntária, as Sociedades Anônimas do Futebol, como Botafogo, Cruzeiro e Bahia, remuneram o CEO sem tantas restrições, refletindo uma tendência à profissionalização da gestão esportiva.

O cenário da remuneração para dirigentes de clubes vem evoluindo com novos modelos e exigências, impactando a forma como o esporte é gerido no Brasil.