A impressão que dá é de que o Corinthians menosprezou a dificuldade que é jogar uma Conmebol Libertadores.
Um torneio que em 2012 foi inesquecível, mas que tem também um histórico enorme de maltratar o torcedor corintiano. Desde o título, foram seis eliminações. Ainda assim, o Corinthians encarou a edição de 2023 como se ela não fosse um bicho-papão. Por seu grau de complexidade. Pelo tamanho do desafio.
Depois de voltar a alcançar as quartas de final da Libertadores de 2022, num ano de acertos da diretoria na escolha do técnico Vítor Pereira e na contratação de alguns reforços, o Timão conquistou a vaga para a edição de 2023 e se jogou no torneio de forma frágil.
Hoje, ir às oitavas de final já é desafiador. O Corinthians pode ser eliminado na fase de grupos pela primeira vez desde 1977.
Dos três jogos que fez, só venceu o pequeno Liverpool-URU fora de casa. Nos dois duelos contra os melhores times do grupo na condição de mandante, acumulou derrotas: 1 a 0 para o Argentinos Juniors, no último jogo sob o comando de Fernando Lázaro, e 2 a 1 para o Del Valle, na estreia do técnico Vanderlei Luxemburgo.
Com três pontos, precisa vencer jogos complicados fora de casa para ficar entre os dois primeiros. Pelo regulamento, a terceira posição do grupo dá vaga direta nas oitavas da Sul-Americana. No momento, é esse o caminho desenhado para o Corinthians no cenário continental.
Luxemburgo, claro, praticamente não tem culpa de nada no tropeço mais recente. Você pode questionar uma decisão ou outra, como a substituição precoce de Yuri Alberto no segundo tempo, mas o Corinthians que ele recebe em mãos é um time cheio de carências, pobre de ideias e completamente assustado. Psicologicamente destruído por erros de planejamento.
Ao terminar 2022, o planejamento da diretoria do Corinthians era: manter a espinha dorsal do time, apostar num técnico barato (Fernando Lázaro) e praticamente não contratar, já que "os três primeiros meses do ano seriam só de Paulistão", diziam. Era um período para preparar o time.
Apesar de ter feito alguns bons jogos no período em que teve Renato Augusto disponível, o Corinthians caiu nas quartas do Estadual. Quase caiu na terceira fase da Copa do Brasil, com uma classificação heroica contra o Remo. E agora corre sério risco de eliminação na fase de grupos da Libertadores.
Em entrevista coletiva em março, Duilio Monteiro Alves foi perguntado pelo ge se o elenco do Corinthians não era curto para a Libertadores, já que apresentava carências no setor ofensivo e, das quartas de 2022 para a edição de 2023, havia recebido poucos reforços. Ele negou:
– Chegaram Romero, Bidu, Fausto, Yuri Alberto, Balbuena. Temos 33 atletas no profissional mais os meninos. Já vi elogios de que o time não baixa o nível na hora de mudar. Não concordo que o elenco seja curto. Temos grandes jogadores de meio-campo. Começamos uma temporada com um grupo já quase fechado – afirmou o mandatário, em entrevista após a eliminação no Paulistão.
Gol de Lautaro Díaz em Corinthians x Independiente Del Valle — Foto: Marcos RibolliAos 35 anos, Renato Augusto faz muita falta. Mas pensar que ele perderia jogos em 2023 não deveria ser uma surpresa. No ataque, Júnior Moraes e Romero são as opções. Soma-se a isso a má fase jogadores importantes como Maycon, Balbuena e Du Queiroz – isso, sim, imprevisível.
Opção bancada pela diretoria ainda em novembro do ano passado, Fernando Lázaro não suportou a pressão da temporada. Numa decisão polêmica e que ficará marcada na história, a diretoria apostou erroneamente em Cuca. Sem opções e perdida, a diretoria agora confia na história de Luxemburgo.
O Corinthians visita o Argentinos Juniors dia 24, em Buenos Aires, pega o Del Valle no Equador no dia 7 de junho, e fecha a campanha da fase de grupos no dia 28 de junho, contra o Liverpool-URU.
Ainda pode ir a 12 pontos, mas para isso terá de fazer história dentro da competição, vencendo os jogos como visitante na Libertadores. Torneio que jamais pode ter a sua dificuldade menosprezada.
