Quando um time finaliza 17 vezes, não se pode dizer que ele não criou. Ainda mais quando oito dessas finalizações vão no gol. O Fortaleza, que perdeu o jogo de ida para o Cerro Porteño por 1 a 0 nesta quinta-feira (9), no entanto, teve dois problemas. Esbarrou no inspiradíssimo goleiro Jean e se amarrou nos próprios cadarços ao protagonizar uma performance aquém para um time que quer avançar à fase de Grupos da Libertadores.
A escalação tricolor veio sem surpresa alguma. Um time que o torcedor já estava acostumado a ver. E nos primeiros minutos, até um futebol que o torcedor já estava acostumado a acompanhar. O Tricolor começou com tudo, ligado no 220. No tradicional 4-2-3-1, amarrou as saídas do adversário até conseguir um pênalti. A cobrança de Thiago Galhardo, no entanto, surpreendeu até o goleiro Jean, do Cerro. Artilheiro do Fortaleza na temporada, Galhardochutou forte, no meio do gol, Jean apenas foi no reflexo. O que aconteceu na sequência é que preocupou o torcedor.
O Leão sentiu o pênalti perdido e viu o Cerro crescer em campo. A pressão na saída de bola diminuiu. A velocidade pelas pontas permaneceu apenas com Romarinho, sempre parado com faltas. O Leão passou a se amarrar na construção de jogadas com um Pochettino sem brilho. O VAR salvou - corretamente - o Fortaleza ao anular o primeiro gol do Cerro Porteño.
No entanto, a defesa cearense, que sabia do perigo que correria nas jogadas aéreas do time paraguaio, não conseguiu segurar Churín pelo alto e acabou levando o primeiro gol. Nos minutos finais do 1T, viu-se um Fortaleza abatido, torcendo mais pela chegada do intervalo do que mostrando vontade de igualar o placar. Restava a Vojvoda tomar alguma atitude.
Substituições e ataque falhos
Não se pode dizer que Vojvoda não tentou. O argentino bem fez as substituições. A primeira foi a entrada de Crispim. Pouco ou nenhum efeito surtiu no time. O melhor reforço tricolor foi a expulsão de Rivas aos 14, após falta dura em Benevenuto. Com um a mais, esperava-se um Tricolor altivo, ousado, agressivo. Mas acima de tudo, eficiente. Essa palavrinha faltou.
Começou (ou melhor, seguiu!) ali um show de defesas do goleiro do Cerro e um show de ineficiência do ataque cearense. E quem entrou, não conseguiu mudar em nada da dinâmica da partida. Lucero, Pikachu e Guilherme pouco entregaram. Este último cruzou uma ou duas bolas na área, mas nada que fosse decisivo aos donos da casa. O camisa 9 mal foi visto em campo. Júnior Santos foi a última alternativa, mas o segundo tempo do Leão, lembrando, com um jogador a mais, passou longe de ser bom.
O Fortaleza consagrou Jean e não conseguiu vencer o maior rival: o próprio nervosismo. Para o jogo da volta - sim, torcedor, lembre-se que há o jogo da volta! -, o Leão precisará voltar a exibir, em campo, o futebol intenso, ofensivo e eficiente que encantou o país.
A volta está marcada para a próxima quinta-feira (16), no estádio La Olla, às 19h.
Fortaleza 0 x 1 Cerro Porteño
Posse de bola: 52% x 48%
Passes: 367 x 283
Finalizações: 17 x 4
No gol: 8 x 2
Defesas: 3 x 9
Desarmes: 18 x 16
Faltas cometidas: 10 x 15
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